quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Sabella afirma que Festival de Inverno foi um grande avanço para a cultura de Bragança Paulista

Tárcio Cacossi

O Festival de Inverno de Bragança Paulista, realizado no último mês de julho, chamou a atenção dos bragantinos pela diversidade de atrações e boa aceitação do público, causando repercussão em toda a cidade.

Sendo assim, a Folha Popular realizou uma entrevista exclusiva com o secretário de Cultura e Turismo Alessandro Sabella, abordando assuntos relativos ao evento e outros projetos e realizações do município na área cultural em sua gestão.

Folha Popular - Quais os pontos positivos e negativos que você destaca com relação ao Festival de Inverno?

Alessandro Sabella – Foi muito positivo de um modo geral. Este foi o primeiro Festival de Inverno realizado integralmente pela Secretaria de Cultura e Turismo, já que nos anos anteriores ele era promovido em conjunto com o Festival de Arte da Serrinha e o bragantino não tinha acesso gratuito às atrações. Tivemos um entrosamento com o pessoal da Serrinha e decidimos separar os eventos. O Festival da Serrinha foi mantido como era, com eventos excelentes, mas pagos, e nós promovemos o Festival de Inverno de maneira totalmente gratuita à população, com mais de 80 atrações incluindo exposições, shows, peças teatrais, orquestras e oficinas espalhadas por vários bairros.

O aspecto que deixou a desejar foi que tivemos pouco público em algumas apresentações do Festival de Música das Esferas, talvez até porque as pessoas ainda não estão totalmente acostumadas à música erudita. Também enfrentamos um pouco de dificuldade na divulgação, já que a prefeitura não dispõe de uma área de comunicação publicitária para que pudéssemos divulgar as atrações nos meio de comunicação em forma de propaganda.

Destaco como principais pontos positivos o fato de nosso site ter tido mais de 3500 acessos durante o mês, o que demonstrou o interesse das pessoas pelo festival, e alguns eventos que estavam lotados como os teatros e orquestras, principalmente. As oficinas também despertaram bastante interesse. Sem contar o ponto alto do Festival que foi o show do “Teatro Mágico” na concha acústica, que teve um público espetacular e superou as expectativas.

FP – Como você compara o Festival de Inverno de Bragança com os festivais de outras cidades da região?

Sabella – Por ter sido realizado integralmente pela Secretaria de Cultura vejo como um grande avanço. O festival de Atibaia, por exemplo, é muito bom, mas vários eventos têm cobrança de ingresso. O de Amparo tem um forte apoio da iniciativa privada e Serra Negra, que também tem um festival de altíssimo nível, é uma cidade dependente do turismo e por isso há uma grande necessidade da administração pública em liberar mais recursos para a cultura com o intuito de atrair muitos turistas. Por isso, prefiro não comparar o festival de Bragança com os outros e sim, com Bragança, que há pouco tempo era uma cidade cuja população tinha muito pouco acesso à cultura.

FP – Fazendo um balanço desde que você assumiu a pasta, você sente falta de mais recursos para a Secretaria de Cultura?

Sabella – Na verdade nós sempre queremos mais, só que não podemos criar despesas para a prefeitura em ano eleitoral. Temos um orçamento de R$ 2,2 milhões destinado à secretaria e com isso é possível fazer muita coisa. Conseguimos regular bem os gastos com o Festival de Inverno que totalizaram R$ 150 mil apesar da grande quantidade de eventos e continuamos planejando as programações culturais até o final do ano. Nosso maior gasto foi, sem dúvida, com Carnaval, por volta de R$ 1 milhão.

FP – Por falarmos em carnaval, muitas pessoas dizem que a verba destinada a esse evento é exagerada. O que você pensa sobre isso?

Sabella – Estamos conversando com as escolas (de samba) e mandamos um projeto para que elas o discutam. Queremos gradativamente ir diminuindo o investimento do poder público à medida que a estrutura das escolas vai aumentando, ou seja, trocar subvenção por convênios. Por exemplo, as escolas devem oferecer oficinas de música e arte, e muitas já têm realizado isso, o que faz com que essas escolas cresçam junto com a comunidade. No entanto, o mais caro no Carnaval não é a subvenção e sim a estrutura. Claro que é muito gastar cerca de R$ 1 milhão com um evento de quatro dias, mas será que a população aceitaria uma estrutura menor, como por exemplo, a diminuição da capacidade das arquibancadas? Acredito que não. O que temos que discutir é até quando as entradas para a passarela serão gratuitas e a possibilidade de uma futura terceirização.

FP – Outras duas questões bastante debatidas na sociedade tratam do prédio do antigo colégio São Luiz, que acabou sendo destinado à Secretaria da Educação, e também o fechamento do cinema...

Sabella – Particularmente acredito que seria uma excelente opção se o prédio do São Luiz se tornasse um centro cultural do município, mas ao mesmo tempo seria inviável já que as verbas destinadas à cultura são insuficientes para uma reforma como essa.
Como o controle passou para a Secretaria da Educação, também será muito bom termos novamente uma escola naquele local. Em relação ao cinema, quando foi fechado, o argumento dos proprietários do prédio era que não havia público e não estava mais sendo viável mantê-lo funcionando. Recebi um telefonema há pouco tempo do proprietário do cinema de Atibaia, da rede São Luiz, e ele demonstrou interesse em instalar um cinema na cidade, em outro local. Estamos aguardando e acredito que logo possamos ter novamente um cinema em Bragança.

FP – Como você analisa sua gestão desde que assumiu a Secretaria?

Sabella - O prefeito deu 100% de autonomia para mim e minha equipe e assim pudemos aplicar o orçamento e elaborarmos a programação cultural de acordo com o que achávamos melhor. Isso é muito importante, pois nos dá confiança.

Quando assumi a secretaria estabeleci três metas. A primeira delas era cuidar dos equipamentos culturais como o Museu do Telefone, onde conseguimos instalar uma placa na entrada, iluminação externa e alguns reparos como a revitalização da fachada.
Na Biblioteca Municipal implantamos os softwares de busca de títulos, além de claro, a audioteca. O Museu Municipal Oswaldo Russomano é um local que precisa de reformas e ainda não conseguimos realizá-las, pois são mais difíceis até pela grandeza e representatividade do prédio, é uma obra cara. Mas estamos nos empenhando para que essas reformas comecem o mais rápido possível.

A segunda meta era descentralizar as ações, expandindo a cultura por todos os bairros da cidade e acho que estamos conseguindo isso, o que pôde ser constatado no Festival de Inverno.

Em terceiro lugar, esperávamos e conseguimos fazer um orçamento mais minucioso e detalhado, que será discutido na Câmara Municipal em outubro. Também esperamos na Câmara para ainda neste ano, a aprovação de um Conselho Municipal de Cultura.

FP – Para encerrarmos, você pretende continuar na Secretaria caso a atual
administração seja mantida?


Sabella – Sinceramente ainda não penso nisso. É um trabalho cansativo, mas gratificante. Estamos nos doando ao máximo e gostaríamos de continuar até 31 de dezembro. Depois vamos ver o que acontece.