segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O fator Muricy

Tárcio Cacossi

São vários os personagens que merecem destaque na conquista do Tri-Hexa-Campeonato Brasileiro pelo São Paulo, mas nenhum tanto quanto Muricy Ramalho, que centraliza os fatores que levaram o Tricolor ao título.

Basicamente por ser o único a conseguir a façanha de conquistar três títulos consecutivos por um mesmo clube, que por sua vez também fez história ao ser o primeiro hexacampeão nacional.

Mas muito mais por ser o grande responsável pela recuperação de um time desacreditado após a queda na Libertadores e que não engrenava no Campeonato Brasileiro (soa repetitivo, mas é importante ressaltar que a equipe chegou a ficar 11 atrás do Grêmio).

Após a pressão que sofreu com a eliminação no torneio mais importante da América, o treinador precisava da confiança e do respaldo da diretoria para seguir seu trabalho, reanimar o grupo e recolocá-lo nos trilhos da vitória. Muricy sabia que os jogadores poderiam render mais. Isso era evidente, pois havia a base da equipe bi-campeã. Um time com Rogério Ceni, André Dias, Miranda, Jorge Wagner e principalmente Hernanes não poderia ficar fora da disputa pelo título. E o presidente Juvenal Juvêncio, que entende de futebol, ao contrário de muitos cartolas, soube constatar isso.

Dessa forma, o triunfo são-paulino, consolidado no segundo turno com uma seqüência de 18 jogos sem derrota, foi o resultado de uma decisão mais do que certa do presidente, que bancou a permanência de Muricy à frente equipe, provando que o modelo de gestão do São Paulo, que se não é perfeito, é o que menos permite erros, por pensar o básico, que é investir em estrutura, não gastar o que não tem e trabalhar a longo prazo. Por isso, deve ser tido como referência para os outros clubes do Brasil.

Mesmo que o clube não tenha tido tanto sucesso nas contratações, com exceção de Adriano (que jogou muito no primeiro semestre, mas não conquistou títulos), a base dos anos anteriores foi mantida e Muricy soube recorrer à mesma quando precisou. Por conhecer o elenco e tê-lo nas mãos, somente ele poderia recuperar a equipe, caracterizada novamente pela versatilidade.

Eis os campeões. Time-base:

GOLEIRO
Rogério Ceni: líder, capitão, goleiro, líbero e muito mais.

DEFESA
André Dias: disposição e preparo físico incríveis.
Miranda: tempo perfeito de bola e a categoria de um meia.
Rodrigo: chegou por último, deu conta do recado tanto como zagueiro como lateral-direito quando Muricy precisou.

MEIO-CAMPO
Zé Luís: de desacreditado passou a ter papel fundamental, pois jogou tanto na ala como de volante e até de zagueiro. Devido a uma contusão, foi substituído por Joílson, contratado junto ao Botafogo, que começou mal a temporada e se não teve tanto destaque na reta final, não comprometeu.
Jean: Depois de ter rodado em outros clubes, o volante que começou no São Paulo, ganhou a confiança de Muricy, que o colocou na posição de Richarlyson que vinha mal e possibilitou uma mudança no esquema tático. O time passou a jogar no 3-1-4-2, sendo Jean o único volante fixo.
Hernanes: após a entrada de Jean, passou a jogar como meia, ao lado de Hugo, e foi o melhor do campeonato, mesmo tendo se ausentado em algumas rodadas por servir a seleção nas Olimpíadas.
Hugo: Chegou a deixar o clube, mas Muricy o chamou de volta. Foi vice-artilheiro da equipe na competição com 14 gols.
Jorge Wagner: Destacou-se por sua eficiência nas bolas paradas e por crescer nos momentos decisivos

ATAQUE
Dagoberto: Não chegou a recuperar totalmente o futebol dos tempos de Atlético-PR, mas após ter levado muitas broncas de Muricy, passou a ser bastante eficiente.
Borges: Sofreu duas contusões. Ficou 11 partidas ausente, mas em seis jogos na reta final marcou oito gols e terminou a temporada como artilheiro da equipe com 26 gols.