segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Um grande clássico no Canindé

Tárcio Cacossi

Torcedores da Portuguesa ficam chateados quando a imprensa deixa de considerar os confrontos da equipe lusitana contra os demais times grandes paulistas como clássico, mas o jogo do último sábado contra o São Paulo no Canindé foi digno de receber esse título, um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro.

A Portuguesa, na luta contra o rebaixamento, não se apequenou diante de uma equipe que brigava para se manter na liderança. Foi gigante. Talvez tenha disputado sua melhor partida na competição e será difícil jogar assim novamente, já que a motivação de vencer o líder, cujos torcedores lotaram metade de seu estádio empurrando os visitantes, motivaram todo o elenco, comissão técnica e torcedores da Lusa, a “defenderem seu território”. Pena que muitos levaram essa meta pelo lado da violência e a polícia, despreparada, conseguiu conter somente com gás de pimenta e violência a euforia e as ameaças de agressão entre os torcedores dos dois times.

Já o São Paulo demonstrou a frieza de um time campeão. Mesmo após sofrer dois empates conseguiu buscar nos instantes finais da partida o gol que garantiu a liderança. Pode-se considerar sorte, pois ainda nos acréscimos houve espaço para mais emoção com o chute de Edno no travessão do gol defendido por Rogério Ceni, mas essa não existe sem a competência.

A equipe de Muricy Ramalho não perde a consistência com desfalques e a prova disso foi que a ausência de Hugo não foi tão sentida como se imaginava. Hernanes mostrou mais uma vez ser fora de série jogando como um meia mais próximo dos atacantes, dando passes precisos. O camisa 15 tricolor, na opinião da coluna, é o melhor jogador do campeonato - mesmo tendo se ausentado por alguma rodadas quando defendeu a seleção olímpica - e para desespero dos são-paulinos, deve ser negociado com um grande clube europeu.

Além disso, há de se destacar a qualidade da defesa, que se não é a melhor do campeonato nos números (a do Grêmio sofreu 29 gols contra 33 do São Paulo) tecnicamente é inquestionável, principalmente quando se refere a Miranda. Já estava mais do que na hora de Dunga convocá-lo.

E para melhorar a situação são-paulina na busca de um tricampeonato consecutivo, feito inédito na história do Brasileirão, o Palmeiras, considerado seu oponente mais forte entre os que ainda estão na briga pelo título, com a derrota diante do Grêmio em pleno Palestra Itália, se distanciou e deixou o tricolor gaúcho mais próximo do paulista.

O técnico Vanderlei Luxemburgo, com sua mania de querer surpreender a todos na escalação, pareceu que surpreendeu até mesmo seus próprios jogadores, que demonstraram um desentrosamento muito grande. A equipe embolou no meio-campo e não teve criatividade nenhuma.

A falta de competência ofensiva do Palmeiras, desfalcado de Diego Souza e Kléber, fez com que o goleiro Marcos se lançasse desesperadamente ao ataque logo depois do gol do Grêmio. Infelizmente essa atitude só fez piorar a situação da equipe, pois Marcos como capitão, ao invés de procurar acalmar os companheiros em busca de reverter o resultado, se rendeu ao desespero e transmitiu isso para todo o grupo, fazendo com que o Palmeiras admitisse a derrota antes do apito final.

Na entrevista coletiva depois da partida, Luxemburgo, já com a moral abalada diante da torcida após a infelicidade de durante a semana comentar o jogo do Palmeiras contra o Argentinos Juniors pela Copa Sul-Americana na TV Globo, alfinetou Marcos dizendo que o goleiro saiu mais uma vez como São Marcos, por cima do restante do grupo.

Enfim, são muitos problemas para o Palmeiras resolver em pouco tempo, tanto dentro quanto fora de campo, e para piorar, na próxima rodada a equipe joga contra outro concorrente direto, o Flamengo, no Maracanã, que vem embalado após vencer o clássico contra o Botafogo.

Os tricolores vibram. O São Paulo está cada vez mais perto do título, mas com o sinal de alerta aceso no Morumbi, pois o Grêmio demonstra a força de também ser um time de chegada. Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo estão na espreita.

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