Rodada Tricolor

Tárcio Cacossi

Com as derrotas de Palmeiras e Cruzeiro, os tricolores se deram bem. Melhor ainda para o gaúcho Grêmio, três pontos à frente do São Paulo, que por sua vez subiu para a segunda colocação, sendo a maior ameaça dos gremistas no momento. Os dois venceram por placares apertados (Grêmio 1 X 0 Sport e São Paulo 2 X 1 Vitória), mas não deixaram de aproveitar o fator casa. Mais uma vez, os times que têm as melhores defesas estão se dando melhor, a exemplo do ano passado. Outra coincidência entre os dois tricolores é a característica de jogo, de mais pegada e marcação.

O Flamengo venceu brilhantemente o Coritiba, secou o Palmeiras contra seu rival Fluminense para se manter no G4 e deu certo: mais um triunfo tricolor, dessa vez carioca, que deixa a zona de rebaixamento com a vitória por 3 a 0 em cima do irreconhecível time de Vanderlei Luxemburgo.

Ficou provado que sem Diego Souza, o meio-campo palmeirense não funciona e o time fica limitado. Evandro não dá conta do recado e está ainda aquém do que precisa o Palmeiras. Por isso é bom que Diego Souza coloque a cabeça no lugar e deixe de levar tantos cartões, caso contrário ficará difícil para sua equipe cada vez que ele não jogar.

Além disso, faltou comprometimento da equipe. Com exceção de Kléber, que buscava o jogo a todo o momento, os outros não entraram na sintonia da partida, talvez ainda abalados pela desgastante derrota diante do Argentinos Juniors no Parque Antártica, pela Copa Sul-Americana. Foram facilmente anulados taticamente e não tiveram criatividade nenhuma. Sandro Silva não se adaptou à ala direita e foi mais um volante. Luxemburgo até tentou corrigir esse erro com a entrada de Fabinho Capixaba, mas não adiantou absolutamente nada.

Marcos, sincero como sempre, saiu reclamando e dizendo que o a quinta posição é a que o Palmeiras merece no momento. Mas não há motivo para os palmeirenses se desesperarem porque na próxima rodada o Palmeiras será o mais beneficiado. Jogará em casa contra o Goiás, que não almeja mais nada no campeonato, enquanto o Grêmio vai a Belo Horizonte enfrentar o Cruzeiro num confronto direto, o São Paulo pegará, no Rio de Janeiro, o Botafogo, que joga suas últimas cartadas em busca de uma vaga no G4 e o Flamengo viaja à Salvador para jogar contra o forte time do Vitória.

A CHAVE DE MANO MENEZES

Já era mais do que certo o retorno do Corinthians à Série A. Só não se saberia se nesta ou nas próximas rodadas, mas acabou acontecendo nesta, sem drama, e até descaracterizando um pouco a história do Corinthians que sempre chega a seus títulos com muito sofrimento. Talvez nunca tenha sido foi tão fácil assim para o Timão ser campeão, até porque nunca deva ter disputado um campeonato tão fraco tecnicamente e que lhe desse tanta tranqüilidade e certeza de sucesso. Embora não tenha feito mais do que a obrigação pela tradição que tem, o título da Segunda Divisão ficará marcado para sempre na história do clube, que chegou ao fundo do poço vitimado por dirigentes corruptos e incompetentes, mas que agora pode voltar a sonhar com grandes conquistas.

Os maiores méritos ficam, sem dúvida, com Mano Menezes, um dos principais técnicos brasileiros e que soube planejar uma equipe vencedora. Se mantiver Mano, o Corinthians tem grandes chances de disputar o título brasileiro no ano que vem, o da Primeira Divisão.

São muitos os técnicos que perdem jogos e poucos os que ganham. Na minha opinião, Mano Menezes está entre esses poucos, e já provou isso no Grêmio, onde fez um grande trabalho, também reconduzindo a equipe à Série A e ainda disputando o título desta competição no ano seguinte. Mas não parou por aí e foi vice campeão da Libertadores diante do Boca Juniors.

Mesmo que o clube perca alguns jogadores na próxima janela de transferências, e isso deve acontecer porque o Corinthians precisa de dinheiro, a diretoria deve trabalhar duro para manter o técnico, que foi sua primeira e principal aposta, ou seja, com todo seu conhecimento, Mano Menezes tinha nas mãos a chave que abriu as portas para o Corinthians voltar ao lugar que merece.